Publicado originalmente em O DIA, Coletivo Tech e Sistema FAEP.
Consumidores recorrem a alternativas para controlar o orçamento e se adaptam às mudanças nos hábitos de compra e consumo; confira dicas para economizar
Ir ao supermercado tem se tornado um desafio para muitos brasileiros. Com os preços cada vez mais elevados e o poder aquisitivo reduzido, os consumidores buscam maneiras de controlar o orçamento familiar. Na cidade do Rio, o impacto é ainda maior, com a cesta básica mais cara do país em janeiro de 2024, conforme dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre).
Apesar de uma leve redução de 1,2% no preço da cesta básica em relação a dezembro de 2024, a cidade do Rio lidera a tabela de preço médio mais alto entre oito capitais, com R$ 1.020,92 em janeiro. Em segundo lugar ficam as cidades de São Paulo (R$ 1.012,66) e Fortaleza (R$ 837,94).

Já o produto com maior variação de preço da cesta básica na cidade do Rio é o café em pó e em grãos, que teve uma alteração de 3,2% no mês de janeiro de 2025.

Embora recentes, os aumentos nos preços da cesta básica não são exclusivos dos últimos meses. De acordo com dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica (PNCB), realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), nos últimos quatro anos, a maior variação acumulada em 12 meses no município do Rio foi registrada em 2022, seguida por 2021, 2024 e, por último, 2023, que apresentou uma variação de -1,88%.
O que causa o aumento dos alimentos?
O especialista Edson Kawabata, sócio-diretor da Peers Consulting + Technology, destaca que diversos fatores contribuem para o aumento nos preços dos alimentos, como a variação dos valores das commodities no mercado internacional, a valorização do dólar, o equilíbrio entre demanda e oferta no mercado interno e a inflação dos custos de produção, incluindo insumos e logística.
Outro fator importante é a mudança climática. Kawabata ressalta que variações climáticas extremas afetam a produtividade agrícola e, em casos mais graves, podem resultar na perda de safras, reduzindo a oferta de determinados produtos e pressionando a inflação.
“Em particular, um estudo publicado na Revista Nature no ano passado concluiu que, devido à elevação das temperaturas médias projetadas até 2035, a inflação de alimentos seria impactada em 0,9% a 3,2% ao ano, dependendo da variação das premissas sobre emissões de gases de efeito estufa, modelos climáticos e outras especificações empíricas”, afirma Kawabata.
Dicas para economizar
A economista Cristina Helena Mello afirma que há algumas formas de tentar driblar o aumento nos preços.
“É fundamental pesquisar preços e ‘gastar’ sola de sapato para comprar em diferentes pontos de venda aproveitando as variações de preço”, aponta.
Mello também destaca que hábitos antigos, como compartilhar promoções em grupos, são bem-vindos, além de saber quais são os produtos sazonais com melhores preços para fazer as substituições necessárias.
A economista pontua que fazer compras em grande quantidade também pode ser um caminho. “Compras coletivas podem reduzir os preços se acessarem mercados por atacado ou diretamente do produtor”, explica.